Poucas bandas no cenário independente brasileiro trabalham tão bem os contrastes como o This Lonely Crowd. Ao longo da discografia do grupo, não é difícil encontrar melodias delicadas flutuando por paredes de guitarras sujas, densas, guiadas por um acompanhamento rítmico pulsante. Também são muitos os momentos introspectivos nas canções da banda, em que a paz muitas vezes é rompida por guitarras gigantes, repletas de fuzz.
Bellelouder, o sétimo álbum do This Lonely Crowd, aumenta a distância entre os extremos da música do quinteto. Em 47 minutos distribuídos por 9 faixas, a banda apresenta algumas das canções mais pesadas e angustiantes da carreira, sempre contrapostas a momentos de quietude que provam a habilidade dos curitibanos de trabalhar a dinâmica em suas composições.
Um ótimo exemplo disso são os 7 minutos e meio de “Wolves Inside Tora”, 4ª faixa de Bellelouder. A música começa furiosamente, e aumenta a intensidade com levadas frenéticas de bateria e riffs poderosos até que, pouco antes dos 3 minutos, a faixa muda completamente: um piano passa a ser o protagonista da música, e há mais espaço entre os instrumentos, que vão desaparecendo no arranjo até que uma doce linha vocal surge pela primeira vez. Antes do fim, porém, o caos volta a ganhar espaço, e ainda mais denso que antes. A bateria ressurge mais rápida e raivosa, e pequenos licks e solos de guitarra ampliam a parede de distorções que guia a música a seu fim.
Há outros momentos ambiciosos no álbum, como no pós-rock “Patron Saints of Neverwhere” ou na melancólica “Avisrara”, outro exemplo da destreza do This Lonely Crowd ao unir influências diversas da música extrema à sutileza do dreampop. Mas mesmo faixas mais curtas, como “Pantomima”, “What Never Was” ou “Adriana’s Thread” têm resultados interessantes e, mesmo sem os ares épicos das citadas anteriormente, certamente agradarão a fãs do lado mais sujo do rock alternativo dos anos 90.
Bellelouder é um aceno a tudo o que o grupo construiu até aqui, mas sem receio de olhar adiante. A banda descreve o álbum como “um disco caótico sobre compaixão e gratidão em tempos malignos”, e em tempos distópicos onde a falta de esperança reina, a única forma de perseverarmos é encontrar os raros sinais de bondade em meio ao caos e à destruição. Sigamos.
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